A História de Willy Alfredo Zumblick

Willy Zumblick (1913-2008)


Willy Alfredo Zumblick nasceu em 26 de setembro de 1913. Recebeu primorosa formação educacional, ministrada pelo Colégio São José, de Tubarão, onde não tardou a se destacar como melhor aluno em desenho e em pintura. Ainda na adolescência, conquistou sua primeira atividade artística sistemática: a de desenhista de cartazes de filmes de cinema, que faziam sucesso na época.
A relojoaria de seu pai, o Cine Yolanda, os bailes, os saraus, as serestas, os amigos, afora uma crescente e entusiasta dedicação à pintura, constituíam a essência do dia-a-dia de sua juventude.
Autoditada, sem mestres ou qualquer instrutor, deixa fluir seu impulso criador e talento natural, registrando em telas particularidades da natureza, tipos característicos, paisagens, cenas do cotidiano e tudo aquilo em que pousava sua fértil imaginação. A única contribuição que recebeu foi a do pintor alemão Frederico Guilherme Lobe, da Escola Alemã de Belas Artes, de Porto Alegre. Contratado pelo Padre Geraldo H. Spettmann, para pintar figuras e passagens bíblicas na Igreja Nossa Senhora da Piedade, que viria a ser demolida em março de 1971, Frederico Guilherme Lobe passou quatro anos em Tubarão, tendo Willy como seu auxiliar. Dele, o pintor tubaronense recebeu conselhos e lições, podendo, desta forma aprimorar sua técnica para melhor tirar partido de seu inesgotável dom.
Em 1937, Willy casou-se com Célia Sá, de tradicional família da cidade, de quem sempre recebeu importante incentivo para que se dedicasse mais e mais à pintura. O casal teve cinco filhos: Carlos, Roberto, Túlio, Maria Elisa, Raimundo e Marcus Geraldo.

Em 1939, fez sua primeira exposição individual, em Tubarão. O êxito alcançado impôs a Willy um vôo mais alto: levou sua exposição para o Cine Rex, em Florianópolis. A receptividade ao seu trabalho o entusiasmou a realizar outras exposições por diversas cidades catarinenses. Em 1944, deu um salto maior: expôs em Porto Alegre. O sucesso, até então amealhado, impulsionou Willy a uma marcante ousadia: alugar um salão no edifício sede da ABI, no Rio de Janeiro, em junho de 1946, onde, com sessenta telas, realizou sua mais importante exposição, posto que o consagrou definitivamente, escrevendo seu nome no rol dos mais festejados artistas plásticos do país.
Nunca parou de pintar e sempre colecionou títulos, comendas, elogios e, principalmente, amigos. Com temática variada e abrangente, retratou, com maestria e sensibilidade, os mais variados aspectos das tradições, da cultura, da história e dos tipos populares catarinenses. Bandeiras do Divino, Contestado, a epopéia de Giuseppe e Anita Garibaldi, Boi-de-Mamão, Dança do Pau-de-Fita, as rendeiras, os imigrantes e seus hábitos, monges, paisagens, caricaturas, enfim, centenas e centenas de telas, todas arrebatadoras.
O cinqüentenário de sua vida artística foi comemorado em 1979. Não bastasse tão invejável currículo, ainda temperou sua obra com notáveis esculturas, com majestosos painéis e muros, além de expressivas carrancas. Na Praça 7 de Setembro, em Tubarão, por exemplo, plantou, em 30 de agosto de 1984, o monumento à Mãe, esculpido em concreto, ferro e bronze. Ano seguinte, isto é, 31 de agosto de 1985, inaugurou, no Km 338 da BR-101, situado no Município de Tubarão, o Monumento ao Caminhoneiro, com 4,30 metros de altura.
Aos amigos que o visitavam, Willy sempre agradava com uma lembrança: um Cristo mutilado (estatueta que foi abençoada por Sua Santidade, o Papa, quando de sua visita a Santa Catarina), uma carranca do Tubaranhô (índio que teria dado origem à cidade de Tubarão), uma gravura do Dr. Jorginho (figura popular de Tubarão) ou até com um bronze de Anita Garibaldi. Dias antes de completar 87 anos, o que ocorreu a 26 de setembro de 2000, o mais talentoso artista plástico catarinense do século realizou o sonho que o embalou nesta última década, inaugurando o Museu Willy Zumblick, instalado no Centro Municipal de Cultura, no centro de Tubarão.
Willy Zumblick faleceu no dia 03 de abril de 2008, no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), sendo sepultado no cemitério Horto da Saudade, em Tubarão.
A produção artística de Zumblick ultrapassa a cinco mil obras, parte dela, exposta em seu Museu.
Texto Fundação Municipal de Cultura e Esporte, Tubarão/sc. 





ASSIM NASCEU TUBARÃO

Começou assim:

Há muito tempo, mantivemos uma conversa, Amadio Vitoreti e eu. Nos dávamos bem,apesar de nos frequentarmos menos do que eu gostaria. Era época de eleição, fui pedir-lhe o voto. Começamos a falar sobre Tubarão. Amadio tinha a sua própria versão da fundação da cidade, bem diferente da oficial. Ele falou bastante, eu anotei muito. Daí nasceu um documento, conteúdo intelectual dele, alguma contribuição minha na redação. Já distribuí muita cópia dessa História, mas,não sabendo se ela está disponível, quero deixá-la acessível a todos,publicando-a no Notisul. É a minha homenagem a esse sujeito genial.

O marco de fundação:No dia 05 de agosto de 1774, nasceu Tubarão. É a data de sua fundação. Fundador:capitão João da Costa Moreira, natural de Lisboa. Local: atual Bairro São João,margem direita.Começou assim: em 1773, concluiu-se abertura do caminho, ligando Lages a Laguna. Esta estrada finalizava a rota terrestre no Poço Grande do Rio Tubarão, também conhecido por “Paragem da São João” (santo homônimo do capitão), para, daí, prosseguir de barco até o porto de Laguna.Enquanto a estrada estava sendo aberta, o capitão João da Costa Moreira, que residia na ilha de Santa Catarina, requereu uma sesmaria de 750 braças quadradas, a qual foi concedida em 05 de agosto de 1774. Esta é a data em que foi assinada acarta de sesmaria, a escritura da época, pelo governador da capitania da Santa Catarina, por delegação régia de sua Majestade, o rei de Portugal.

O inteligente capitão percebeu que aquela parada obrigatória dos tropeiros era local apropriado para iniciar um entreposto comercial, queiria abastecer o comércio de Lages. Lages era a mais importante e estratégica parada dos tropeiros no longo caminho que começavam em Viamão e acabava em Sorocaba. Ali, os tropeiros e cargueiros que desciam a serra, transportando no lombo das mulas o charque, o couro e queijo, reabasteciam-se e retornavam com os produtos “da marinha”, os manufaturados e outros que não se produziam no planalto: tecidos, sal, ferro, aguardente, vinho, vinagre, farinha de mandioca,peixe seco.Como era de costume, em todos os pontos de parada de descanso das tropas e reabastecimento dos tropeiros construía-se um galpão, para o devido abrigo, de propriedade do negociante.Por igual aconteceu em Tubarão. O capitão construiu no Poço Grande a casa de negócio, sua residência, galpão para os tropeiros e até uma casa de oratória, que foi a primeira capelinha de Tubarão.

O primeiro casamento:Em outubro de 1786, celebrou-se o primeiro casamento em Tubarão. Os noivos, Rita Maria, filha de Costa Moreira, e o capitão Joaquim José Pereira, grande fazendeiro de Lages. De 1783 a 1804, somente dois casamentos foram realizados fora da igreja matriz de Laguna, ambos na casa do capitão Moreira, no poço Grande do Rio Tubarão. Sua prosperidade havia-lhe conferido prestígio.Em 1801, o capitão Joaquim da Costa Moreira, filho do fundador, recebeu por concessão real uma sesmaria de uma légua ao quadrado. Com duas sesmaria, os terrenos da família Costa Moreira iniciavam na rua dos Ferroviários e findavam no Km 63. Por volta de 1809, a família Costa Moreira transferiu-se para Porto Alegre.

A sesmaria do sargento-mor Jacinto Jaques Nicós:Em 05 de agosto de 1774, foi também concedida uma sesmaria do tamanho da do capitão Moreira ao sargento Nicós,situada, em endereço atualizado , entre a rua Esteves Júnior e rua dos Ferroviários. O proprietário não veio morar em Tubarão. A sua sesmaria foi beneficiada pelo capitão Moreira, seu genro, que cumpriu uma das cláusulas da carta de sesmaria que obrigava a efetuar a demarcação e o cultivo no prazo de dois anos, sob pena de perder o terreno.Em 1792, o sargento-mor Nicós faleceu em Desterro. A sesmaria foi herdada por seu filho,padre Joaquim José Jaques Nicós, que viveu sempre em Desterro. Em 1809, faleceu o padre Nicós. Sem deixar descendentes, o terreno retornou a sua mãe, Ana Joaquina da Encarnação, herdeira ascendente.

Em 1812, João Teixeira Nunes (que, quando nascia Tubarão contava 07 anos de idade) comprou a sesmaria de Ana Joaquina. Nesta data, 38 anos após o início do povoamento, João Teixeira Nunes estrou na História de Tubarão.No ano de 1829, João Teixeira Nunes doou aproximadamente 3 hectares à irmandade da Nossa Senhora da Piedade, com objetivo de construir a igreja, para servir de matriz. No ano seguinte, o comerciante e latifundiário Tomaz Pinheiro deu início à construção.A partir de 1830, o centro urbano de Tubarão principiou o deslocamento do Poço Grande para a colina onde está situada a catedral diocesana

O Início do Grupo Escolar Hercílio Luz

Grupo Escolar Hercílio Luz

Este educandário tem 91 anos de história, que precisa ser recomposta, sua documentação está demasiadamente fragmentada. No dia 12 de fevereiro de 1919, assentou-se a pedra fundamental com a inscrição na face superior “Xll Fevereiro 1919 - Hercílio Luz”, contendo no seu interior a urna com a ata assinada pelas autoridades. Situa-se à esquerda de sua entrada principal.

Dados
Construtor: Theodoro Grandel.
A herma em bronze no pátio interior: A. Mattos, discípulo do prof. Correa Lima.
Fotógrafos: Fritz Sorge e João Sbruzzi, o último sacou excelentes fotografias panorâmicas de Tubarão.
Primeiro diretor: Marcírio Dias Santiago.
Representantes do governo: Olavo Freire, diretor de Obras Públicas e Osmar Rosas, jornalista.

A cerimônia
A Corporação Musical Minerva acompanhou as autoridades que foram ao Hotel do Comércio (rua Marechal Deodoro) e de lá conduziram os representantes do governo e comitiva até ao local das solenidades. Chegando ao local, lacraram a urna conforme as formalidades da época, o padre benzeu com água benta e rezou em latim, para prosseguir com os inflamados discursos das autoridades delegadas. João de Oliveira, advogado, jornalista, poeta e vibrante orador com gestos teatrais, o qual, em nome do prefeito ali presente, pronunciou um retumbante discurso de dar inveja aos clássicos gregos e tribunos romanos.
Encerrado o cerimonial, Dona Bernardina Teixeira, moradora na vizinhança, ofereceu um abundante copo de cerveja aos presentes.

Uma nota do jornal A Paz, em 19 dezembro de 1926, anuncia a entrega de diplomas da Escola Complementar (o primeiro “curso superior de Tubarão”) pelo diretor Albano Espíndola, a Edith Hulse, Ernestina Doerninger, Maria Izabel de Souza, Leonilda Balsini e Walkyria Búrigo (oradora).
“Findo o ato, foi servido doces e finos licores em profusão”.
É o início de uma história.
Estudaram ali homens e mulheres ilustres de Tubarão. Também foi o berço da Escola Técnica do Comércio, a qual criou o Imes, depois Fessc, findando na Unisul. O prédio ainda não foi tombado.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...